O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou, nesta quinta-feira (13), que foi elaborada uma cartilha para orientar os alunos das escolas públicas sobre o preconceito e a aversão a homossexuais, a homofobia. Segundo o ministro, por ser “delicado”, o tema será tratado com critério. O material, já elaborado, ainda passará pela avaliação de um comitê de especialistas.
“O MEC tem sido muito criterioso. As obras que são mandadas para as escolas são clássicas ou passam por uma avaliação. O assunto é delicado, se não fosse, não precisaria ser trabalhado nas escolas. Vamos fazer isso da maneira mais respeitosa com a sociedade”, disse o ministro.
Haddad informou ainda que na fase de aprovação o material será discutido. “Não é uma questão de tomar partido, mas de cumprir uma obrigação constitucional de informar sobre um direito assegurado”, disse.
A necessidade de discutir homofobia nas escolas foi identificada pelo MEC, diante da constatação de que o assunto incita ódio, a violência e a exclusão, e pode até estimular a evasão escolar. A ideia é distribuir a cartilha em seis mil escolas do ensino médio.
Pensamento homofóbico
O assunto já vem gerando polêmica na Câmara dos Deputados. A bancada evangélica quer impedir a distribuição da cartilha. E o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por suas posições atrasadas e reacionárias, vem discursando sobre o assunto. Entre outras declarações desastrosas, o parlamentar disse, em entrevista em programa da TV Câmara, que os pais devem dar “um couro” nos filhos “meio gayozinhos”.
A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Clara Goldman, que teve acesso ao material, nega que a cartilha estimularia a homossexualidade entre os jovens, argumento utilizado pelos parlamentares contrários ao material didático.
Segundo ela, “o argumento esconde um princípio de que essa sexualidade é ruim e tem que ser combatida, evitada. Essa é a base do pensamento homofóbico. A cartilha não orienta, não estimula, mas problematiza. Coloca no seu devido lugar a discussão que deve ser feita. O objetivo é que as pessoas LGBT possam ser respeitadas e que caibam na nossa sociedade, nos nossos espaços coletivos, o respeito a essa diversidade.”
De acordo com ela ainda, o CFP apoia a iniciativa do MEC. “Acho que a ideia de se produzir um material específico, que possa orientar essa discussão, é muito bem-vinda. Nós apoiamos a cartilha, mas nosso apoio não se restringe a ela. É em relação à luta pela promoção dos direitos dessa população em todas as políticas públicas, não só na educação. Apoiamos como uma possibilidade a mais de que, na formação, essa questão possa ser discutida com mais qualidade, assentada em princípios que sejam realmente de direitos humanos.”
De Brasília
Com agências
Nenhum comentário:
Postar um comentário