Nan Goldin, classificada pelo jornal "The New York Times" como a mais influente dos últimos 20 anos, excentricidade exagerada. A Exposição dessa artista fotográfica a primeiros olhares nos causa uma mistura de impacto e curiosidade, como o próprio titulo da exposição diz: "Heartbeat", batimentos cardíacos, e eu diria fortes. Entender a obra de Nan não é tarefa fácil. O projeto museológico do Museu de Arte Moderna nos permite conviver com a obra de forma gradual e entender que a idéia dela é nos fazer entrar na vida daquelas pessoas, vivenciar os fatos e se apropriar de suas histórias. Telas de led, apresentações em slide show, fotografias tudo isso compõe um cenário bem desenhado e costurado. A idéia de Nan é fugir do convencional, do bonito de se ver nos transportando diretamente para o REAL, cotidiano causando certo estranhamente intencional que é o que produz essa troca entre a obra e o expectador. A
obra em si não são os travestis, os transexuais, os personagens retratados, mas
a forma com que ela consegue traduzir esse cotidiano. Sem preocupação com os
ângulos perfeitos, enquadramento, produzindo uma sequência livre de movimentos
frenéticos.
Nan Goldin no Brasil causou polemicas, debates e
encontros. o Oi Futuro/RJ que iria abrigar a exposição da artista se recusou
alegando que sua obra tinha conteúdo pesado, feria o Estatuto da Criança e do
Adolescente e os princípios da Instituição. O movimento de indignação com a
atitude arbitraria e desrespeitosa da direção do Oi para com a artista foi
geral, publicações On line, Jornais, revistas se indignaram com a censura.
Antes da exposição ser censurada a artista foi procurada e pediram para que as
fotos de crianças nuas fossem retiradas da exposição, ela concordou, mas além
disso foi solicitado que todas as imagens de crianças inclusive as vestidas
fossem retiradas, foi ai que Nan declinou da solicitação. Há Alegações de que a
direção da instituição não se preocupou em entender o contexto da obra de Nan,
e os significados de seus registros. A exposição foi abrigada pelo MAM – Museu
de Arte Moderno do Rio de Janeiro e manteve sua essência, o que não faria
sentido perder. Entre
os registros que ficariam à mostra, fotos em que se vêem crianças nuas, homens
e mulheres em ato sexual e fazendo uso de drogas – universo no qual Nan sempre
circulou e que costuma defini-la.
Ligia Conongia uma das curadoras da exposição de Nan
Goldin no Museu de Arte Moderna diz: “O travestimento em si já é a metáfora
perfeita da representação”[1].
Este acontecimento pode ser visto por dois ângulos: censura arbitraria ou
proteção exagerada. De um ponto de vista, de fato, as fotografias são
chocantes, mas o trabalho dela vai além do simples registros fotográfico. E é ai que batemos nas traves da censura,
porque estamos falando de Arte, liberdade, expressão.
[1] Em
Fórum: censura de Nan – MAN – Museu de Arte Moderno do Rio de Janeiro, 28 de
março de 2012
Referências:
Fashion4fun, Nan Goldin , censura 2011. 29
de novembro de 2011 - http://fashion4fun.com.br/exposicao-nan-goldin-censura-2011
Censura ou proteção? - por Cristina Tardáguila